BORBULHAS

Se os olhos me cercar a escuridão selvagem

que traz aos dias meus, amada, tua ausência,

em busca de acalmar essa feroz carência,

descanso no frescor de deleitosa aragem.

Soprada dos lençóis, adocicada essência

esculpe na retina insinuante imagem.

Um anjo sedutor desnuda a vassalagem...

Borbulha de saudade o sangue... Efervescência!

Sem ter as tuas mãos dizendo em mim ternuras,

enfrento a solidão a bordo de aventuras

que embala nesta noite o rastro de perfume.

Espero-te, a sonhar o aconchegante abraço.

Preciso me aquecer no especial regaço,

deitando no teu corpo alucinante ardume...