LEGENDAS
Nos braços da noturna companhia
ao leito de torpores me recolho.
Sorvendo a carne viva, vidro o olho
em gozos santos, sádica alegria.
Goteja cera quente a carne estria,
grilhos prendem, aperta-se o ferrolho.
Nas dores que me infringe, quais escolho,
ardente a tara cresce e se alivia.
Sugada a fome ao rígido mamilo.
Cravadas unhas, talham mil legendas,
na carne renomeiam tudo aquilo
o que é amor... prazer. Tomando as sendas
de corpos burilando-se em tremendas
dores que rir, das quais me rejubilo.