LEGENDAS

Nos braços da noturna companhia

ao leito de torpores me recolho.

Sorvendo a carne viva, vidro o olho

em gozos santos, sádica alegria.

Goteja cera quente a carne estria,

grilhos prendem, aperta-se o ferrolho.

Nas dores que me infringe, quais escolho,

ardente a tara cresce e se alivia.

Sugada a fome ao rígido mamilo.

Cravadas unhas, talham mil legendas,

na carne renomeiam tudo aquilo

o que é amor... prazer. Tomando as sendas

de corpos burilando-se em tremendas

dores que rir, das quais me rejubilo.

Renan Ivanildo
Enviado por Renan Ivanildo em 01/09/2017
Reeditado em 19/11/2021
Código do texto: T6101834
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