Soneto à burra cardã de meu pai
Recordo a burra troteira
Que meu pai montava nela
Depois que botava a sela
Passeava a tarde inteira
Lá no tronco da porteira
Ficava o cabresta dela
Onde eu com muita cautela
Roubava a burrra baixeira
Papai temendo o perigo
Brigava sempre comigo
Quase toda de manhã
No meu tempo de criança
Eu saudava a vizinhança
Na nossa burra cardã.