Bicho Humano
“Quisera qualquer coisa provisória/ Que a minha cerebral caverna entrasse,/ E até ao fim, cortasse e recortasse/ A faculdade aziaga da memória.” (Augusto dos Anjos)
Bicho Humano
Minhas ínfimas pulsões cerebrais
Nascem de conexões obscuras
De ordenações neurais sem estruturas
Provindas de mutações ancestrais
Flagro-me em atitudes bestiais
Sinistramente presas na loucura
Com tenebroso olhar de besta impura
Moldada à clausura atroz de animais
Enxergo-me em rota astral invertida
Num extravasamento suicida
Trôpega e monstruosamente só
Apraz-me juntar o térreo e o etéreo
E abandonar-me à paz do cemitério
À síntese inorgânica do pó