Soneto do desengano
Quem elege na carência e solitude
mira e assombra o fato de ser só.
Adiante em contidas desventuras
amor de um claustro só.
Quem de fora vê a agonia,
Quem de perto mira com olhos foscos de dó,
Esvaneia-se em calor e afagia
e encendeia-se num vôo só.
Quem de perto se compadece,
profere e afaga o íntimo ruidoso.
A delicada eloquência entristece um coração raivoso.
Quem de longe percuta o desejo de ver o algoz falido e findo.
E na alegria composta de êxtase e vingança finda
encontra-se solitário em devaneios e desenganos infindos.
Lady Malibe
21.08.2017