Esquinas
Imenso, o meu senso, eu penso, intenso
Propenso, perigo que exala mais que incenso
Chegando a escorrer o infinito em cada esquina
Portas que se fecham, poetas e obras primas
Meninos que se vão, esperança em malabares
Fascismo quebrando e incendiando cartazes
A chuva embaça o vidro e a minha visão
Anjos da discordância sucumbindo a solidão
Um olho cego arrebata, preço da noite puniu
Um amigo que pra muitos inultilmente partiu
A vida ensina, na surdina, me defina, rotina
Multidão enlouquecida na mira da carabina
Sonolência desfigura, já tá tarde, me abate
A incerteza, na pureza, nostalgia covarde
Desperdício é ver alguém que tem como vício
Enganar sua dor humilhante como um ato de ofício
(...)