Esquinas

Imenso, o meu senso, eu penso, intenso

Propenso, perigo que exala mais que incenso

Chegando a escorrer o infinito em cada esquina

Portas que se fecham, poetas e obras primas

Meninos que se vão, esperança em malabares

Fascismo quebrando e incendiando cartazes

A chuva embaça o vidro e a minha visão

Anjos da discordância sucumbindo a solidão

Um olho cego arrebata, preço da noite puniu

Um amigo que pra muitos inultilmente partiu

A vida ensina, na surdina, me defina, rotina

Multidão enlouquecida na mira da carabina

Sonolência desfigura, já tá tarde, me abate

A incerteza, na pureza, nostalgia covarde

Desperdício é ver alguém que tem como vício

Enganar sua dor humilhante como um ato de ofício

(...)

Rafael Toledo
Enviado por Rafael Toledo em 21/08/2017
Código do texto: T6091070
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