NA ESTRADA DE DAMASCO * Cinzas

Dos confins das fatais profundezas

irromperam letais labaredas.

Que martírio de piras acesas!

Ah, Plutão, que de nós não te apiedas!

A memória dos tempos longevos

ganha forma e semblante modernos!

É igual, desde os tempos primevos,

o pavor de na Terra os infernos.

São os autos-de-fé sem idade

repetindo os seus ritos de chamas

entre gritos de dor e piedade

na ficção do real que há nos dramas.

Que destino se cria e recria

entre as cinzas da nossa agonia?

José-Augusto de Carvalho

Alentejo, 20 de Agosto de 2017.

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 21/08/2017
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