A hora final
Um dia me verás ao longe em espectro,
É minha alma reluzindo ao horizonte,
Não sei se serei acolhido pelo paraíso,
Pois escolhi a ruína do meu poente!
Tu me olharás silenciosamente,
E eu te olharei também, com nostalgia,
E partirei, depois de tantas poesias,
Para a porta de trevas aberta em frente.
E ao transpor as fronteiras do Inferno,
Eu, calmo, direi: — Que eu seja condenado!
Ao mar do desatino, ao sofrimento sufragado.
E nas orações de despedida, se houver!
Não diga descanse em paz, pois serei julgado,
Por toda a caridade que sei que deixei de fazer.