Entre o luxo e o pó
“Em vão! Contra o poder criador dos sonhos/ O fim das coisas mostra-se medonho/ Como o desaguadouro atro de um rio...” (Augusto dos Anjos)
Entre o luxo e o pó
Céu na Terra... Ostentação surreal!
Escadarias com mármore paros
Candelabros áureos e cristais raros
Vitrais com requinte descomunal
No suntuoso templo magistral
Fiéis faltos ao Pai pedem amparo
Com olhos perdidos no brilhante aro
Logo atrás da imagem de um cardeal
Lutoso os sinos dobram em agonia
Flébeis beatas vestem cor do dia
E a arenga instaura o ritual da dor
Carpideiras choram em frente a um caixão
A dor visceral ascende oração
E um pútrido odor entre olor de flor