Saudade

Vaga recordação que me acompanhas,

Ugindo-se de graças misteriosas,

Como vertigem virginal de rosas

Desfeitas sobre mim por mãos estranhas,

Vens de estradas que morrem silenciosas

Num fundo fugidio de montanhas,

Desfiando estrelas frouxas, que emaranhas

Tecendo o teu sendal de nebulosas.

Visão nimbada de palor enfermo,

Cuja face eucarística me trouxe

O sorriso de bem maior que existe.

Mas que, enchendo de uncção todo o meu êrmo,

Deixa num sonho cada vez mais doce

A minha vida cada vez mais triste!