Lua Sanguínea
“É tudo em vão! Atrás da luz dourada,/ Negras, pompeiam (triste maldição!)/ Asas de corvo pelo coração.../ Crepúsculo fatal vindo do Nada!” (Augusto dos Anjos)
Lua Sanguínea
No céu tenebrosamente profundo
Fulgura uma sinistra lua cheia
Vertendo olor de enxofre em todo o mundo
Com ela meu olhar abissal vagueia
Seres lucífugos uivam pra lua
Cultuando a sanguínea forma arcaica
Que lutuosa escorre pela rua
Serpeando as vielas mais prosaicas
E o rito se repete toda noite
Perpetua a maldição como açoite
Reafirma o cruel tabu do medo
Ao longe se reza o credo em segredo
Enquanto taciturna a natureza
Dorme sob essa lúgubre beleza
(Edna Frigato)