INSÔNIA CRUEL

Sob os lençóis da minha cama fria,

com gosto amargo do ominoso fel,

tal qual vilã em seu melhor papel,

arrasa-me com sua vilania.

Debalde, luto contra a tirania,

que martiriza de forma cruel

não só à noite, mas também de dia,

com a velocidade de um corcel.

Sai pra lá! Víbora desatinada!

deixa dormir na paz o meu conforto,

antes do amanhecer; da alvorada.

Vai perseguir morcegos na algazarra

enquanto, no meu canto, absorto,

fico livre da tua estranha garra.