Ai de nós se a Saudade decidisse
Ai de nós se a Saudade decidisse
Levantar-se e cobrar-nos o devido!
Mas ai de mim, Saudade! Quem me visse
Notaria que sou o mais foragido.
Ai de nós se quisesse não dinheiro,
Porém sangue (até sangue ela merece)!
Mas ai de mim, que o corpo meu inteiro
Lhe daria sem dar o que se deve.
Vagabundo, carrego minha carne,
E a vou levando enquanto não acorda
E vem a mim, nervosa, pra levar-me.
Mas, moribundo, já sei a verdade
Do destino da vida minha morta:
É ser morto, sem dó, pela Saudade.
7/8/2017