O SÓSIA

O SÓSIA

Parece bem comigo e não é eu

Aquele em cujo rosto me confundo...

Tanto, que seria eu se n'outro mundo,

Onde sequer meu rosto fosse meu...

Olhando-o frente a frente, sucedeu

De n'ele ver talvez meu eu profundo

A ponto d'eu pensar por um segundo

Que d'algum modo o rosto fosse seu.

E se for? Ou melhor, s'eu não for um?!

Se além d'ele e de mim houver algum

A repetir-se em mil rostos iguais?...

Mato-o: Vejo-me morto em fria ardósia...

Resta-me o sósia qu'eu sou de meu sósia

Vivendo em seu lugar uns anos mais.

Betim - 04 08 2017