NEVOEIRO
No pântano triste ouço gritos ocultos,
mefítica bruma meu peito nauseia.
Cadáveres rotos na lama, insepultos,
das fábulas restos, um louco tateia.
Esquálidos corpos, visagens e vultos
intrépidas setas disparam na cheia
de oníricas chagas saudade, tumultos
indômitos, zurzem e nada clareia.
O cântico doce envolvido em fumaça
num fúnebre choro transmuto, sem graça.
O cândido embalo, teimoso, persigo.
No pútrido campo de mágoas horrendas
Patético rito... Que rédeas, contendas!
Nostálgico, entrego-me a ti, meu castigo...