Cântico Outonal
Aos poucos se exordia a decadência
Nas árvores, os galhos desnudando;
Vai-se a despetalar a florescência,
E os tons de leve, vão-se amarelando...
O ambiente, então, sucumbe em sonolência,
E a Natureza toda vai tombando...
As folhas vestem a áurea senescência,
— O velho Outono, enfim, está reinando!
A flora em silencial transmutação,
Dá-se a curvar em plena devoção,
No misticismo da última beleza.
E as árvores — quais santas — no abandono,
Rezam a prece divinal do Outono,
Na grande catedral da Natureza.
19 de Julho de 2017