Um coração simples
Sobre novela homônima de Gustave Flaubert
Há tanta gente procurando o raio
da intermitência eterna da pureza;
gente que se arvora, que se despreza...
Pois salve a dama nobre - e o papagaio!
Parou no tempo, ou o tempo a acaricia,
feito um moinho, cujo eterno é o vento...
Livre dos veludos do pensamento...
Livre da seda, ópio da hipocrisia...
Vivente em meio à farsa, não ressente:
não foi senão sua expressão de atalho.
Quanto há de puro no seu olho nu!
Viveu no cerne altivo e decadente
da burguesia - voando ao puro galho
onde repousa, livre, o bom Lulu...