CORTEJO

Na chuva de tristura, meus plangores,

há féretros de sonhos entupidos,

orvalhos, leitos desses desnutridos

jardins onde fulgiam raras flores.

Entre soluços minam féis, licores

que o coração laceram, engolidos.

Fantasmas atormentam meus sentidos,

despejam sal em mim, sobram pavores...

Encharco meus lençóis de nostalgia.

Perdido, nas memórias perambulo,

sem que perceba a luz do novo dia.

As lágrimas prosseguem seu cortejo...

Teimoso, o desengano e a dor engulo

porque não desvanece meu desejo.