ESPERANÇA
À guiza de teu riso triste
Suporto a dor em sua profusão
A chaga maior ainda não sentistes
Uma vez que nosso senhor renasceu da sua crucificação
Penso eu, fiz o que pude, mesmo que de modo rude
O relógio passa e a rede de crochê na varanda dança
Meus olhos são dois lacrimejantes açudes
A dor de um poeta não pode ser pesada na balança
Toda partida é um parto
Pessoas perambulam inquietas sem pouso certo
O destino não fica destilado preso dentro de um quarto
É ave rapineira que já calcula o bote da presa de perto
O longe não existe de fato evoluir é subir escada
Temos que caminhar sem rumo
E em cada passo dado está o endereço de nosso lar
Não podemos desistir por nada
Em cada chamada há um novo aprumo
Enquanto houver vida haverá um lugar pra se chegar...