O soneto e o dia
O dia nasce e, igual a gente, cresce
e corre e morre na boca da noite
e nunca, nunca fica pra pernoite
e todo dia a noite se enlutece.
Nessa hora é sempre bom u'a prece
pra que a noite alcançe o novo dia
e aí começa de novo a agonia
do poeta pra versar o que acontece.
E vai o dia, outro vem, é sempre assim,
variando entre um bom, outro ruim
igual versos do poeta num soneto.
E, tal qual na vida, tudo nele cabe,
- o que não se soube ou o que se sabe -
para que o dia não morra incompleto.
Josérobertopalácio