Procura
A noite nasce lenta. Noite apenas
recobre de neblina cada bonde.
Seu vulto de andarilha nas pequenas
lascívias da cidade e além se esconde.
Ao povo dos bordéis (rugas e renas),
às portas coloridas: Onde? Onde?
Chamei pelo seu nome, mas dezenas
de vezes desisti. Ninguém responde.
Um dia terei visto essa donzela?
Compravam nesse dia o corpo dela
com níqueis do desprezo e perdição.
Produto social: graças à fome,
o corpo mavioso vende aos homens
ou troca-o simplesmente por um pão.
Curitiba, novembro de 1984