Post Mortem
Quando eu morrer atirem a carcaça
aos cães, chacais em cólera, às hienas,
tal qualquer vida apenas que se passa,
igual a outras tidas por pequenas.
Não gastem uma vela nem se faça
pedido de lembrança nas novenas,
deixem que minha podre carapaça
seja esquecida aos vermes e às penas.
Não tenham, pois eu não tenho ilusão,
sobre o fim de meu espírito também.
Do que fui, posto em conta cada ação,
o mal que desejei, do pouco bem
cultivado por mim sem esperança,
sei bem qual lado pende essa balança.