Crucifixo
À meia-luz do claustro, do convento,
Das mãos em um rosário, entrelaçadas,
Absorta estava a freira em seu momento,
Em orações, em preces devotadas.
Fitando a efígie do alto monumento
Analisava as formas buriladas;
Estava ali o Cristo macilento
Com as etéreas mãos na cruz, pregadas.
Vinha-se da janela vagamente
Uma centelha frouxa e alvinitente,
Que a face do alto Cristo iluminava;
E dessa luz, então, se ver podia,
Que a freira em seu orar não percebia,
Que o Cristo, a sua face, contemplava.
Julho de 2017
*Decassílabos.