SONETO III
Lá onde nos leva o passado que brinca,
No livre, longe e lúdico possível.
O rio nem sempre eleva o próprio nível.
No passado, o futuro a morada finca.
A fôrma que pode mudar seu molde,
O vassalo que será suserano.
Sementes dos anos que vencem o ano,
Alquimistas transformando o outro em cobre.
O futuro no passado se sente,
Surge o agora que não se perderá,
Futuros possíveis brotam sementes.
Ora o novo seu velho matará,
Ora a própria cura fará outro doente:
Nasce o momento que o ano vencerá.
(Ricardo Gomes Pereira)