Livor Mortis
"Mãos de finada, aquelas mãos de neve"
Alphonsus Guimaraens
Mãos de Rainha — pálidas alvuras —
Transparecendo as veias azul-claras,
Trazem as formas nuas, formas raras
De níveas e marfíneas formosuras.
Mãos sacrossantas, cândidas e puras,
Relíquias tão pequenas e tão caras;
São como as mãos de Vênus, leves, claras,
De ilustres e perfeitas estruturas.
Pureza virginal de lírios santos,
Desnudas virgens — lívidos encantos —
Banhadas na palência do luar.
Hei de senti-las, frias e trementes,
Cerrando as minhas pálpebras dormentes,
Cerrando para sempre o meu olhar.
27 de Outubro de 2012