SONHOS ENGAVETADOS

SONHOS ENGAVETADOS

Silva Filho

Nas gavetas da vida, guardo sonhos,

Cada um com a devida etiqueta,

Como filhos, ou filhotes de proveta,

Acanhados – são chamados de bisonhos!

Isolados da vida; mui tristonhos,

Contam os dias pela ampulheta,

Carregam a alcunha de anacoreta,

E não podem exibir rostos risonhos!

Não há oxigênio pra mantê-los vivos.

Somente traças reinam nos arquivos

Onde os sonhos só esperam sucumbência!

Mas a história vai gravar, decerto,

O que fez um sonho, que andou bem perto

De escapar da terrível indigência!