Soneto sem roteiro
Vi os versos sem ilusões, sem roteiro
um aceiro de senões e sem caminho
Cubro em linho as razões, sou altaneiro,
mas cabreiro, sem emoções, sem carinho.
Vão mansinhos os canhões, meus anteparos,
Tempos raros de arranhões em meus espinhos
Andei sozinho nos grotões vendo os disparos
E sinto o faro dos camões, dos pergaminhos.
Falta pouquinho à sensação de ser poeta
Sem ver a meta, a privação me nega
E me relega de antemão; mata
Ou maltrata o coração que se afoga
Em magoas ao saber que esse esteta
saiu da reta e seu dizer não voga.
Josérobertopalácio