Soneto sem roteiro

Vi os versos sem ilusões, sem roteiro

um aceiro de senões e sem caminho

Cubro em linho as razões, sou altaneiro,

mas cabreiro, sem emoções, sem carinho.

Vão mansinhos os canhões, meus anteparos,

Tempos raros de arranhões em meus espinhos

Andei sozinho nos grotões vendo os disparos

E sinto o faro dos camões, dos pergaminhos.

Falta pouquinho à sensação de ser poeta

Sem ver a meta, a privação me nega

E me relega de antemão; mata

Ou maltrata o coração que se afoga

Em magoas ao saber que esse esteta

saiu da reta e seu dizer não voga.

Josérobertopalácio

JRPalacio
Enviado por JRPalacio em 02/07/2017
Reeditado em 02/07/2017
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