Soneto dos olhos claros

Soneto dos olhos claros

Olhos de maré em dia de chuva

perscrutam minha alma devedora

(senhora de decisões amadoras),

Levados por uma corrente em curva.

Se minh’alma não parecesse turva

(Cercada de auras comprometedoras)

Como as luzes, fosse esclarecedora

Clara aos olhos, útil à mão, como a luva

Saberiam o que penso, o que faço

Na turbidez, segura, me disfarço

Para não ficar desnudo ao relento

Na segurança e na desfaçatez

Sigo tentando entender de uma vez

Porque esse poder me serve de alento

Jan Câmara

30JUN2017