PAIXÃO CONGÊNITA

PAIXÃO CONGÊNITA

Silva Filho

Nasci pra ser escravo da paixão.

Paixão congênita que jamais tem cura.

Ao meu ouvido uma voz murmura:

Novo encontro na casa da solidão!

O destino me impôs sofreguidão.

Mi’a sombra ninguém vê na noite escura.

Andejo que não sabe o que procura,

Zombando dos conselhos da razão!

Paixão insana, que não tem um nome!

Mas tem u’a potestade que consome

Da sensatez, o que se chama resto!

Viver assim... sem abraçar alguém,

É como se a vida fosse além

Deixando a minha sombra como incesto!