Soneto do Cansaço
Não existem intervalos.
Se existem, são agoniantes, sufocam,
Servem para pensar no que está ainda inacabado.
Os olhos pendem, sabendo que não podem fechar-se de todo,
O corpo suspira, dói, mas ignora qualquer dos cincos sentidos
Na cabeça, soluções sendo apontadas num vazio barulhento.
Resolvo pendências.
Sou o que faço: respondo problemas
De resto, é apenas distrair-se, afim de que continue assim.
Sou o que faço: distancio-me de todas minhas próprias referências.
São perigosas. Lembram que eu já quis coisas que não sucesso,
Que não dinheiro, que não conquistas,
Que eu já quis não querer, que eu já quis...
Voltar pra um lugar de estar e permanecer.
(Depois da semana mais corrida da minha vida. Até agora.)