Soneto dos vinte oito
Talvez eu queira mesmo morrer aos Vinte oito,
ou só queira dormir sem ter hora para acordar,
seja mesmo um viciado e não resista a alguns
comprimidos que me façam viajar…
Talvez eu só queira ficar sozinho pintando
imagens invisíveis no escuro, disparando
sobre o vento que invade a janela, atinge a
porta entreaberta, arrancando lascas da quina.
Talvez eu esteja destoando sobre o barulho
do ventilador que soa como as asas de um
besouro e afugentam-me o sono tranquilo...
Talvez eu escreva até que as teclas
se cansem destes versos divagantes
ou faça deles um soneto delirante.