Os boêmios
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Os boêmios
Quis Deus que fossem dos gitanos, sempre,
das mãos, a face maculada e torpe.
O embuste fino e mui certeiro e a sorte
dum povo errante, injustiçado e quente.
Quem diferente disso pensa, mente.
É fanfarrão, dissimulado e torto.
Distorce a vida peregrina e, morto,
não sente a lâmina voraz do dente.
Linhas da mão de beberrões tropilhas.
Despreocupados, de estroinices pulhas.
Por vocação, liquidez é partilha.
Nômades, sentem, da esmerada agulha,
golpe certeiro da tortuosa trilha...
Que nunca finda nessa vida impura.
Nijair Araújo Pinto
Iguatu/CE, 9 de outubro de 2014.
11h36min
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