SONETO DA CHUVA
Não há de haver coisa mais linda
Que a beleza das chuvas tropicais
Esta torrente de águas alvas, infinda
Que baila nas mãos do vento, nos beirais
Ah se eu pudesse beber suas gotas
Que rolam dos telhados celestiais
Teria por certo, a alma menos rota
Adornada de inocências e pardais
O senhor fala comigo pelas águas
Ao lavar meus pecados e os borrões
Que alegria, que dádiva me dais!
Assim eu ando na chuva, rosto molhado
Como renascido no útero da vida
Voltando, leve, dos velhos umbrais!