Homo Bulla
É tarde. Bate a porta a mão do tempo
Com as mesmas cadências inquietas
De que se esvai a areia de ampulhetas
Nas quais no viver breve me contemplo:
Por que ter sido feito de gametas
Se sou bolha? A qualquer simples momento
Posso sumir soprado pelo vento
De maneira insensível e direta
E antes que sequer possam de mim ver
Moribundo estou antes de viver
O meu corpo sem vida torna esguio
Meus pensamentos vão para o vazio
O coração no peito a treva afaga
E a vida minha, vela e chama, apaga.