Soneto do Cuidado
Sirvo para manter seus contornos sempre firmes
Ou quem sabe, a pedido seu, destruí-los, a fim que se apaguem
Até que tudo seja tão grande que escape pelos cantos da margem.
Ainda assim, como uma mãe, tenho desejos de prender.
Colocá-lo em qualquer lugar que seja exclusivamente querido
Onde a dor é um desejo impossível.
Mas sei que isso não passa mais de delírio,
Não sou proprietária de nada que me seja contento.
Minhas mãos não nasceram para segurar algo em específico
Vão prender, no máximo, outras mãos, e apenas por um momento.
Para amar, é preciso que seja um livro finito
Na melhor das hipóteses, que prometa continuações.
É preciso que exista um instante como que de alucinações,
Tão bonito que pareça nunca ter existido.