PASSANDO...

Se a solidão é saga que se impõe e fere,

Hei de, com ela, apenas, construir meu verso,

Posto não existir moeda sem reverso,

Nem ser maior que um sonho o sofrer que adere

Ao coração - não sendo o tempo tão perverso,

A que, em nós, pra sempre, mal nenhum impere;

Como não dura eternamente a intempérie,

Eis que a bonança é bem insólita e dispersa,

Já que, por natureza, muita coisa custa

A se firmar, por força do inesperado,

Ou de algum episódio triste e nebuloso,

Mas, apesar do que nos possa ser custoso,

Persiste sempre a esperança de que o fado

Conceda a solução que nos não seja injusta.

Luiza De Marillac Michel
Enviado por Luiza De Marillac Michel em 20/06/2017
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