Versos a uma mulher
À uma mulher morta,
Eis que o teu contubérnio está em sangue agro,
Que a ira vermicular, lodosa e branda
Como um bramir do Belzebu quem manda!
Tu te evisceras com o teu corpo magro.
Das carnes pútridas - o grande ardor,
Morde-as imortalmente em que a dor anda
A suar contigo, entre a maldita vianda;
Tu, um zumbi faminto com um valor.
Chifres, ardência, praga, ódio, nojo e esmo...
Que chegues à única saliva da hera
Com esse lodo das larvas que ainda domas.
Para ti, que o teu mal consome mesmo
Em viver melancólico de uma era
À fluidez demoníaca que assomas.
Lucas Munhoz - 19/06/2017