PIANO DE LÁGRIMAS
PIANO DE LÁGRIMAS
Silva Filho
Não deixe o verso morrer
Contaminado pelo desengano,
Molhando de lágrimas, o piano,
Ao ouvir um som, que faz sofrer.
Aquele verso que já deu prazer,
Pode ficar perdido, sem um plano,
Passível de sofrer um grave dano,
Que faz o seu passado fenecer.
Que lhe sejam injetados nutrimentos,
Da cozinha do estro, como alimentos,
Sendo este o melhor revigorante!
Se, porventura, vier o verso falecer,
Na sua lápide, logo mando escrever:
“Aqui jaz um grande verso lacrimante”