Soneto ao horizonte
Como fosse o céu poente de uma estrela,
um quase-instante em fina alegoria,
parnasiana e compulsivamente,
à cor dos olhos, turvos, se perdia.
Desengonçada a paz que a nuvem coube
à sina de um naufrágio azul brilhante,
como se as pombas pelos versos caiem
alvura tanta que no céu se esconde.
Diria eu saber ouvir estrelas?
dirias tu que falo aos cotovelos?
Se tão te avexa indefinir o dia,
deixo-te então cabido às asperezas
a caminhar cingido aos tornozelos
o escuro estampido da mente vazia.