Um tiro só
Um tiro só, no crânio, é-me atraente:
Tombar, de chofre, como um tronco bambo;
Partir, p’ra sempre, feito um vão molambo
Tinto de sangue, langue, molemente.
Um tiro só, na boca. Um só. Somente
Um tiro, eterno e trágico. Eu me cambo
Para um porvir que já me lambe... E o lambo...
Refulgirás, ó tiro intransigente?
Um tiro apenas, p’ra cumprir o plano
Por mim pensado. Um belo tiro ufano,
Para lustrar meus imos sentimentos.
Um tiro apenas, no meu crânio, eu quero,
Para encerrar-me com o sanguíneo esmero
Do suicídio que há nos meus intentos.