INQUILINO DA SENZALA
INQUILINO DA SENZALA
Silva Filho
Se o amor, impõe a mim, a escravidão,
Já renuncio o meu traje de gala,
E assumo, o meu ofício, no salão,
Como escravo - inquilino da senzala!
No ambiente onde o chicote estala,
Tenho certeza - não estarei em vão.
Por um momento... o amor se cala,
Mas noutro instante, fala o coração!
Não me escuso aos trabalhos serviçais.
Não me importa viver entre castiçais,
Onde a penumbra faz espectro do amor!
Se o amor paga bom preço por escravo,
Saiba a rosa que eu fico como cravo,
Sofrendo com o espinho indolor!