POR AMOR ÀS ESTRELAS
- Inspirado no poema VIA LÁCTEA, de OLAVO BILAC
- Transcrito abaixo - Proponho que se inicie a leitura
por ele.
POR AMOR ÀS ESTRELAS
Ora - direi - ouvir estrelas?! Certo
tolice ouvi... Jamais supunha crer!
Fui à janela e olhei, porém incerto,
tênue de espanto, então eu pude ver!...
E ao conversarmos, fez-me o olhar verter,
lágrimas doces... De paixão, decerto!
E ao fim da noite, então eu vi morrer
as minhas forças, desse amor referto.
Direi agora! “Eis, mais um louco, amigo!"...
Do que falamos meu olhar valida
Toda saudade! E assim tristonho eu sigo...
... Na via láctea a suplicar guarida!
Oh, pudesse eu, no céu ter um abrigo;
E ouvir estrelas, toda a minha vida!
(Aila Brito)
XXXXX
VIA LÁCTEA
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…
E conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora! “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
(Olavo Bilac)
xxxxx
Bela interação do poeta JAIR LOPES. Grata!
Ao jeitão de Bilac
Quero como Bilac, ouvir estrelas, certo?
Mas, porque sequer sou poeta, entretanto
E, talvez, também, razoavelmente esperto
Ouvi-las, me causará um imenso espanto.
Então vou observando a atra noite, enquanto
Estou mantendo meu cérebro bem aberto
Olhando o tal firmamento em cada canto
Tentando ouvir estrelas neste céu coberto.
Mas, até agora nada, meu caro amigo
Acho que falar com elas não tem sentido
Então, falo isso em “off”, apenas contigo.
Dialogar? Quando muito mal posso vê-las!
E som nenhum tenho, vindo delas, ouvido
Na verdade, sequer creio nessas estrelas.