DEMOCRADURA

Se as ilusões se repetem nos gritos,

E o amor não passa de um traço de giz,

Por que manter os malfadados ritos,

Colher dores de atores tão sutis?

Se os rios lavam seus leitos, serenos,

E a chuva cai no momento que quer,

De que adiantam juristas supremos,

Comprometidos com o prato e a colher?

São meros cães a ladrar no terreiro,

Enquanto escravos bocejam no trem.

É tão inútil acender o letreiro,

Só vejo cegos aqui e além.

É preferível um bom nevoeiro,

Que traz desgraças sem mais nem porém.