VOARES
Ah, quem me dera me encantar de vida,
sentir seu néctar nas entranhas nuas
e toda a essência gotejada em luas
assim gratuito e sem qualquer medida...
Até quietar-me, adormecer saciado...
Após, desperto à maciez de brisas,
soprar cisquinhos de canções precisas
ao mundo amargo, no pavor cravado.
Nas ventanias do celeste abrigo,
com grãos de açúcar, adoçar perigo
e abrir-me em voos, salpicando plácidos...
Mas a verdade atou-me desde o início
a arder à gente-abutre deste hospício
se abrindo em voos a excretar seus ácidos.