VOARES

Ah, quem me dera me encantar de vida,

sentir seu néctar nas entranhas nuas

e toda a essência gotejada em luas

assim gratuito e sem qualquer medida...

Até quietar-me, adormecer saciado...

Após, desperto à maciez de brisas,

soprar cisquinhos de canções precisas

ao mundo amargo, no pavor cravado.

Nas ventanias do celeste abrigo,

com grãos de açúcar, adoçar perigo

e abrir-me em voos, salpicando plácidos...

Mas a verdade atou-me desde o início

a arder à gente-abutre deste hospício

se abrindo em voos a excretar seus ácidos.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 16/05/2017
Código do texto: T6000374
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