ESPECTRO HUMANO

ESPECTRO HUMANO

Silva Filho

Faminto e maltrapilho, na calçada,

Atende pelo nome de “pedinte”

No mês, não consegue mais de Vinte

Reais – são os ossos da jornada.

Alheio ao ambiente de requinte,

Seu coração se perde em gargalhada,

Quando u’a moeda é arremessada,

No chapéu – ou depósito de acinte.

Espectro Humano, vivendo como bagre,

Devendo a vida a um grão milagre,

Que Deus jamais negou a quem precisa.

Um vulto, que jamais é enxergado,

Não se ofende ao ser ignorado,

Por transeunte que a fome não divisa.