EU SOU UM ABORTO PROFUNDO
Eu não sei do que sou mesmo feito,
E se tive mesmo pai e também mãe…
Se nasci já com este grão d’feito
Eu não posso mesmo ser alguém.
Talvez fosse um mau e t’rrivel jeito,
Que nunca digo mesmo a ninguém…
Eu escrevo o que me vai no meu peito,
Esta minha mensagem assim também.
E com respeito aos meus qu’ridos pais,
Digo eu qu’estou mesmo cá a sério a mais,
Eu devia não mesmo vir ao meu Mundo.
Eu sou um rio triste neste grão d’serto,
Sou a mosca no dedo muito esperto…
Eu sou um aborto neste mundo, profundo.
Luís Costa
11/08/2005