SONETO DO MEU TEMPO
Meu tempo acabou e sei disso em todo meu eu
Ele se foi como muitas outras certezas que achei ter
Minha dádiva de estimação renasceu
No horizonte enfim vislumbrei meu poder
Minhas horas agora se consomem em ilusões sensatas
Meu ego encontrou sua medida e direção
Na parede já não passeiam mais baratas
No quarto já não guardo mais um sótão
Enquanto me comprazia em comiseração autoinfligida
Meu tempo sangrava como que moribundo
E a obra mais modesta nunca era erigida
Meu tempo realmente se foi pra não voltar
Ele agora reside em outro cosmos
Reciclando idéias e me provendo o ar.