Dé-lirismo

Almejo antes da morte um dia em paz;

antes da paz, porém, há guerra e morte.

um pulo ou um disparo, um laço, um corte...

separa-me de Deus ou Satanás?

Se o antônimo de Cristo é Barrabás,

sou puta ou sou judia? (há quem se importe)

Procura-se um amor que nos comporte

no lado azul de um sempre nunca mais.

Ou seja, a poesia: o mar de vinho

das transgressões, o meu vítreo caminho

de indecisões, aos pés, mentindo a cura

Até que o corpo negue e a alma negue;

até que o dé-lirismo nos carregue

- os bons poetas e eu - pra sepultura.

Alex Olliveira
Enviado por Alex Olliveira em 10/05/2017
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