Soneto de existência condicional
Como pode um ser sobre o outro ter
Na força a ação, do gozo a vontade
Domínio do presente e da saudade
Tutela de seu eu, seu proceder
Não caber num só peito o bem querer
De querer-se mais que a si e em verdade
Não existir sem que do outro a metade
Seja o todo do que há, um mesmo ser
Mas é e estar, existe, permanece
Na pele, na vontade e apetite
Contrai, desfaz, refaz, antes que cesse
A demanda à lascívia o convite
Renasce inda mais que desfalece
Não tem fim nunca mais nem há limite