O POBRE

I

O pobre quando ganha na lotérica

Esbanja, esnoba, compra o que não tinha...

O que tinha ele joga fora, a fim

De não mais ver o que lhe lembra a dor

II

Que sentia, em meio à fome homérica,

Do tempo que vivia sempre na linha.

Agora que o dinheiro existe, enfim

“está podendo”... E vira esbanjador.

III

Vai ao bar, toma todas, quer jogar...

Não tem costume de comemorar

E a cachaça é tão falsa, cruel e forte...

IV

Logo é jogado ao chão, a grana some...

Pouco tempo depois, já passa fome.

- Depois dizem que pobre não tem sorte!

(Ritemar Pereira)